Dagoberto Aranha Pacheco
Vamos juntos refletir sobre alguns dados interessantes:
Em 1950 o governo dos EUA gastou 23% do PIB (Produto Interno Bruto) que naquele ano atingiu a cifra de US$ 300 bilhões. Já em 2014, o PIB cresceu para US$ 17,300 bilhões e o governo mordeu ainda mais: 36%. Você sabe que essas despesas do governo são pagas pelos impostos coletados mais empréstimos. Não são todas as pessoas que pagam impostos. Tomando 2014 como referência, podemos dividir a totalidade da população em três grupos:
A | 26% | da população total paga | 90% | de todos os impostos coletados |
B | 27% | 10% | ||
C | 47% | 0% |
É fácil concluir porque os integrantes do grupo ‘C’ consideram que o governo não custa nada para eles e os do grupo ‘B’ acham os impostos bem razoáveis. Assim, não precisam se preocupar em ler as páginas de economia dos jornais e podem se dedicar com mais afinco ao futebol, carnaval e outras distrações permanecendo alienados. Ambos estão iludidos porque a queda de produtividade do grupo ‘A’, que é o mais produtivo, (já expliquei isso na Letter 01) encarece os produtos. Então, num primeiro momento percebem que o salário não chega ao fim do mês, a queda de produção interna associada à concorrência predatória dos importados impede que os salários sejam aumentados e, finalmente o desemprego começa a rondar os integrantes desses dois grupos. É assim que a economia funciona, ninguém almoça de graça, ninguém leva vantagem.
A produtividade nos EUA cresceu algo em torno de 5 a 6%, em média anual, desde 1970 até o presente.
Em 1970 não havia no Brasil computadores pessoais, calculadoras eletrônicas, eu ainda utilizava régua de cálculo que é um ábaco para multi-funções, como cálculos trigonométricos, logaritmos, aritméticos e outros. Máquinas de escrever eram Remington e Olivetti, já ouviram falar? Telefones eram os da Telebrás. Eram de graça, mas para você adquiri-los era necessário comprar ações da Cia, no valor aproximado de US$ 4,000.00, esperar dois anos na fila até tê-lo instalado em sua residência ou escritório. Não era permitido vender as ações, pois elas não valiam nada mesmo, já que a empresa só dava prejuízo. E mais, por ser um ativo de alto valor o telefone era item obrigatório na declaração do imposto de renda. Podia-se comprar os telefones no mercado negro, o que as empresas faziam pagando um extra extraordinário. Jeitinho brasileiro! Não se esqueçam que mesmo naquela época, a Telebrás, Eletrobrás e Petrobrás eram consideradas empresas estratégicas e a ninguémzada, ao custo de alguns sanduíches, bonés e camisetas, saiam às ruas para levar pancadas e defender, com galhardia e civismo, as empresas da privatização.
Apesar de todos os esforços em defesa do atraso, o progresso prevaleceu e vieram os telefones celulares que são mini computadores portáteis com múltiplas e úteis funções, os computadores pessoais, o iPad, os livros eletrônicos, a internet, as redes sociais, enfim um sem número de inovações que mudaram totalmente as nossas vidas com coisas que não nos faziam falta e que agora não podemos dispensar. Isso tudo aumentou a produtividade no trabalho, no ensino, na amplificação do conhecimento e das comunicações, dando voz às pessoas numa escala sem precedentes.
Todos esses bens foram imaginados, pesquisados, desenhados e produzidos nos EUA, só porque lá vigora uma democracia e o sucesso é valorizado e premiado, ao contrário daqui onde as pesquisas são destruídas e o sucesso é demonizado.
Mas, sempre há um mas, os EUA já não produzem mais, agora são produzidos na China.
Esse país já é a maior exportadora do mundo e a segunda economia do planeta, com força, tradição e cultura milenar suficientes para mudar as regras do jogo planetário, o que será a matéria da próxima Letter.
E por que isso aconteceu? Porque aquele povo dos grupos B e C deixaram, pelo voto, que toda a riqueza criada pela produtividade fosse desperdiçada em decisões erradas. Não valorizou o dólar como era esperado, ao contrário fê-lo perder valor de compra de forma espantosa nesse período de 1970 – 2014. O salário real (descontada a inflação) não aumentou como esperado. Os ganhos dessa evolução tecnológica escorreram pelo ralo da gastança do governo, da emissão descontrolada de moeda e da dívida impagável que lotam os campos de futebol. (Letter 02)
Em conclusão, observando-se os grupos A, B e C deduz-se que para a conquista e manutenção do poder nada melhor e mais barato que distribuir migalhas e manter a EDUCAÇÃO em nível crítico.
Voltarei na próxima semana com um tema espantoso que vai representar um soco no seu estômago. Até lá.
LETTER 1 – LETTER 2 – LETTER 3