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EUROPA – CHINA
Os investimentos chineses no continente europeu saltaram para US$ 40 bilhões em 2017, quase o dobro do ano anterior. Com investimentos considerados bem vindos pelos europeus, a China amplia sua presença e influência política entre os tradicionais aliados dos americanos. Estes, os americanos, estão temerosos de que a China se torne numa ameaça comercial e militar. Deveriam ficar mais atentos à lealdade de seus aliados.

Seria bom se os europeus moderassem suas boas vindas à China? Não é o que está acontecendo e os europeus estão incentivados pela política de Trump de deixar que seus aliados cuidem de si mesmos.
Traduzindo, as atitudes e decisões de Trump têm, metaforicamente, asfaltado e iluminado o caminho para o avanço mais fácil da China.
A China vem adotando uma política de defesa e valorização do livre comércio, da preservação do meio ambiente, das negociações multilaterais, criando oportunidades aos países de crescerem juntos e desfrutarem de novas possibilidades de cooperação.
Ao contrário, os EUA têm torpedeado os acordos globais e desvalorizado alianças ao invés de incentivá-los. A Casa Branca atacou o sistema multilateral de comércio, reduziu a importância do papel da ONU, retirou -se do Conselho de Direitos Humanos da ONU, saiu do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas, se retirou do Acordo Nuclear com o Irã, abandonou a Unesco, suspendeu o apoio financeiro para os palestinos e abandonou o acordo sobre migração.
Pequim, por sua vez, optou por não criticar o isolamento dos EUA e tratou de ocupar espaços vazios para estabelecer nova agenda da ONU com base em seus interesses.
Segundo Jamil Chade, correspondente do Estadão em Genebra, ante o vácuo deixado por Trump, a China avança rápido preenchendo os vazios. A missão diplomática da China em Genebra possui 66 membros. Na sede das Nações Unidas, a imprensa chinesa tem o maior grupo entre os correspondentes estrangeiros. Não é só isso! Na área militar a China já forneceu mais soldados às tropas de paz da ONU que todos os demais membros do Conselho de Segurança, juntos.
Pequim destinará US$ 1 bilhão para as tropas da ONU. Inversamente, Trump cortou US$285 milhões da entidade, reduzindo sua participação para US$ 611 milhões. Os chineses já superam todos os europeus e serão os maiores contribuintes dos próximos cinco anos.
Para os que tiveram a oportunidade de ler meu último livro “A ECONOMIA AMERICANA”, disponível para download gratuito aqui no site, compreenderão porque os EUA, encalacrados em dívidas e tendo como a China seu maior financiador, têm razões de sobra para temer os avanços do país asiático que, no entanto, graças as armadilhas protagonizadas pela China, tornaram o atual detentor da maior economia do mundo, não por muito tempo, em sua refém.
A China considera que este é o seu momento, como ocorreu com os EUA após a segunda grande guerra. Nas resoluções que ela propõe, em todas elas, está presente a nova linguagem da cooperação, privilegiando e promovendo direitos coletivos ante direitos individuais.
Dagoberto Pacheco
Guarujá, 14/12/2018.
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